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Sobre a Psicanálise

O que é a Psicanálise?

A Psicanálise, originalmente desenvolvida por Sigmund Freud, é uma abordagem terapêutica baseada na observação de que os indivíduos, geralmente, não têm consciência dos inúmeros fatores que determinam suas emoções e comportamentos.

Os fatores inconscientes são essenciais à constituição de uma boa saúde mental, estando presentes nas mais diversas e ricas expressões do ser humano. Encontram-se na gênese das criações artísticas e da formação dos grupos humanos e laços sociais, em estreita inter-relação com as particularidades de cada época e de cada cultura.

Por outro lado, estes fatores inconscientes costumam ser a fonte de consideráveis sofrimentos e de infelicidade, podendo se manifestar na forma de sintomas reconhecíveis tais como: angústia, fobias, compulsões e sentimentos de vazio. Também estão presentes na raiz das perturbações na estruturação da personalidade, nas dificuldades de relacionamento no trabalho e/ou nos relacionamentos interpessoais e amorosos, assim como nos sintomas psicossomáticos, nas alterações do humor (depressão e euforia) e da autoestima.

Exatamente por estas forças serem inconscientes, os conselhos de familiares e amigos, a leitura de livros de autoajuda, ou até a mais determinada força de vontade têm alcance limitado e são insuficientes em proporcionar alívio ao sofrimento psíquico.

 

O que a Psicanálise pode oferecer?

Enquanto processo terapêutico, a Psicanálise é de inestimável ajuda para as pessoas em sofrimento psíquico. No curso de um tratamento psicanalítico intensivo, investiga-se a natureza das relações originárias da infância de cada indivíduo. Estas são a matriz dos fatores inconscientes que constituem o que chamamos de mundo interno. À medida que este mundo interno fica disponível para experiências e explorações conjuntas entre analisando e analista, os aspectos inconscientes se tornam mais compreensíveis e podem ser trabalhados através da palavra, levando ao alívio dos sintomas e, principalmente, a profundas transformações emocionais.

Ainda que a Psicanálise seja automaticamente relacionada a Freud, a contribuição de muitos outros autores determinou um significativo avanço na teoria e na técnica ao longo desses mais de 100 anos. Psicanalistas como Melanie Klein, Winnicott, Bion, Kohut e Lacan, entre outros, trouxeram novos aportes sobre a formação da mente humana, além de novas abordagens terapêuticas.

 
Como se processa um tratamento analítico?

A análise é uma parceria entre o analisando e o analista, no curso da qual o primeiro se torna consciente da origem oculta de suas dificuldades. Não é uma tomada de consciência intelectual, mas emocional. Na análise tradicional, o analisando deita-se no divã e procura dizer tudo que vem à cabeça permitindo, dessa forma, que apareçam aspectos da mente não acessíveis a outros métodos.

O analista ajuda a organizar os conteúdos inconscientes conjuntamente com o analisando que, a partir daí, aprimora, corrige, rejeita e adiciona mais pensamentos e sentimentos. Durante o tempo em que uma análise acontece, o analisando entra em contato com esses “insights”, examina-os repetidamente com o analista e os observa na vida diária, nos devaneios e nos sonhos.

Analisando e analista unem-se no esforço não só de modificar padrões de comportamento insatisfatórios e remover sintomas incapacitantes, mas também para ampliar a liberdade de trabalhar e amar.

A pessoa não precisa sentir necessidade de tratamento para obter benefícios com a investigação psicanalítica. O desejo de se conhecer melhor e de funcionar melhor no mundo podem ser motivações suficientes.

Um tratamento psicanalítico envolve sessões regulares de 45 ou 50 minutos, preferencialmente de três a cinco vezes por semana, por tempo indeterminado. A alta frequência e o tempo prolongado da terapia são condições importantes para o acesso ao inconsciente e para a modificação dos seus conteúdos.

 
Qual o resultado de um tratamento psicanalítico?

Diversos estudos e a experiência clínica têm demonstrado a eficácia da Psicanálise no alívio do sofrimento psíquico e nas transformações emocionais que levam a uma melhor qualidade na vida pessoal e de relacionamentos. Esses ganhos permanecem muito tempo após a conclusão do tratamento devido à capacidade de auto-observação que o indivíduo adquire ao longo de um processo psicanalítico.

Quem entra num tratamento psicanalítico com um analista qualificado tem uma grande chance de realizar os objetivos e o alívio dos problemas que motivaram sua busca do tratamento. Isto demandará tempo e compromisso de sua parte, assim como de seu analista.

 
A psicanálise é apropriada para crianças e adolescentes?

Alguns psicanalistas são especializados em análise de crianças e adolescentes. A psicanálise infantil é um ramo da psicanálise de adulto, compartilhando com esta a mesma estrutura teórica para o entendimento da vida psíquica. Utiliza técnicas adicionais e específicas para lidar com a vulnerabilidade e as características especiais da criança como, por exemplo, a utilização de desenhos e jogos como forma de revelar os sentimentos e aflições. No tratamento de crianças e adolescentes também são realizadas entrevistas com os pais para melhor entendimento do ambiente em que vive o jovem. O objetivo da análise de crianças e adolescentes é a compreensão histórica dos sintomas levando à sua dissolução e, dessa forma, possibilitando que os jovens retomem o seu desenvolvimento normal.

A Psicanálise também pode ser aplicada nos tratamentos em grupo e nas abordagens terapêuticas de famílias e casais.

 
Quem é psicanalista?

Os membros efetivos e associados da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ) têm como origem universitária o curso de Medicina ou de Psicologia. Para se tornarem psicanalistas foram submetidos a uma rigorosa e extensa formação teórica e clínica de, no mínimo, cinco anos, dentro dos critérios da International Psychoanalytical Association (IPA). Durante o período em que permanecem como alunos do Curso de Formação de Psicanalistas ligado ao Instituto de Ensino, os seus integrantes, também médicos ou psicólogos formados, são membros provisórios da SBPRJ.

 
O que é a IPA?

A IPA foi fundada em 1910 por Sigmund Freud durante o Congresso de Psicanálise realizado em Nuremberg com a finalidade de desenvolver o pensamento psicanalítico e difundi-lo dentro de princípios éticos e científicos. Atualmente a IPA congrega Sociedades Psicanalíticas de aproximadamente 50 países. Dentro dos mesmos princípios, as Sociedades Psicanalíticas componentes da IPA também se associam nos âmbitos regionais como a Federação Psicanalítica da América Latina (FEPAL) e a Federação Brasileira de Psicanálise (FEBRAPSI), às quais a SBPRJ é filiada (ver a história da SBPRJ neste site).

 
Quanto custa o tratamento psicanalítico?

A SBPRJ não estabelece valor de honorários e, portanto, estes variam de acordo com cada psicanalista.

Para quem não dispõe de recursos suficientes para um tratamento particular, a SBPRJ dispõe de uma Clínica onde o tratamento é oferecido a baixo custo (ver neste site).

 

Como posso achar um psicanalista da SBPRJ?

Consulte a relação neste site.

 

Tradução adaptada do site da International Psychoanalytical Association (IPA)

Para quem?

Importante esclarecer que, para a Psicanálise, reação emocional não é sintoma de uma doença. Todos passam por situações difíceis que podem gerar ansiedade, assim como enfrentam perdas que levam a sentimentos de tristeza.

Há períodos em que essas emoções são mais intensas como nas chamadas crises evolutivas, nas quais ocorrem grandes mudanças: o desmame na primeira infância; o início da atividade escolar que representa o contato com o mundo fora da família; a longa passagem da infância para a idade adulta que é a adolescência; a formação de uma nova família através do casamento e a expectativa de filhos; o envelhecimento.

Além desses, há os acontecimentos imprevistos que causam ruptura no equilíbrio psicológico: doenças, acidentes, violência urbana, guerras, migração forçada, desemprego, perdas inesperadas. São situações traumáticas que também geram ansiedade e tristeza. Como se vê, é inevitável que esses sentimentos venham a ocorrer em períodos diversos de qualquer história pessoal.

Então, qual é a linha divisória a partir da qual essas reações serão vistas como sintomas com indicação de procurar ajuda da Psicanálise?

Geralmente, há uma junção de fatores que acarretam os problemas clínicos. Primeiramente, as características que cada indivíduo traz dentro de si. Depois, a maneira como o ambiente nos primeiros anos lida com as marcas pessoais, como as aceita, rejeita e coloca limites. Espera-se que as dificuldades de cada um sejam atenuadas ou transformadas com os cuidados do ambiente, e que este mesmo ambiente contribua pouco para reforçá-las ou para ocasionar novas dificuldades.

Se a relação com o ambiente foi bem-sucedida, o sujeito terá condições psíquicas mais estruturadas para enfrentar as angústias de crescimento e as situações traumáticas imprevisíveis. Em caso contrário, o sujeito ficará mais vulnerável. Sobre este pano de fundo é que as reações tendem a gerar sintomas porque se excedem em quantidade e mudam de qualidade. Tornam-se repetitivas, se prolongam no tempo e não respondem às boas experiências com o mundo externo. Causam intenso sofrimento psíquico e limitam a capacidade do sujeito de dispor dos próprios potenciais.

Há inúmeras formas de manifestações clínicas. As mais frequentes são: 
- dificuldades de relacionamento interpessoal na vida afetiva, familiar e no ambiente profissional. 
- dificuldades na área da sexualidade. 
- sensação de vazio e tédio interior. 
- sensação de inadequação na presença de outros. 
- incapacidade de expressar emoções mais íntimas. 
- pouca confiança em si mesmo e nos outros. 
- sentimentos contínuos de mágoa e ressentimento. 
- atitudes rígidas e pouco maleáveis. 
- sintomas somáticos frequentes sem causa orgânica. 
- preocupação obsessiva com o corpo e com o envelhecimento. 
- intolerância exagerada aos próprios erros e dos outros. 
- medos aparentemente não justificados. 
- necessidade de mostrar sucesso e bem-estar a qualquer preço como forma de negar as fragilidades.

Não é incomum a presença de mais de uma manifestação no mesmo indivíduo. A avaliação é feita caso a caso, principalmente no que cada sintoma representa na história pessoal. A partir da relação emocional entre as particularidades da história do sujeito e as situações atuais é que se processa a terapia psicanalítica.

Há casos mais graves tais como: ansiedades persistentes que levam a vivências de pânico; depressões severas com paralisação das atividades e risco de suicídio; delírios de perseguição e de grandeza; impulsividade agressiva; comportamentos compulsivos (jogo, sexo, comida); uso compulsivo de substâncias químicas (álcool, drogas ilícitas e remédios controlados); transtornos alimentares (bulimia, anorexia). Estes casos, geralmente, necessitam de um atendimento múltiplo com o uso de medicação psiquiátrica, terapia familiar e até internação hospitalar.

Além da melhora nos sintomas e diminuição do sofrimento psíquico, a Psicanálise ajuda os indivíduos a reconhecer as situações emocionais que desencadeiam as crises e a preveni-las. Mas a maior conquista que a Psicanálise pode oferecer aos que a procuram é a condição de melhorar a qualidade dos relacionamentos e a qualidade de vida em geral, através de um maior aproveitamento dos potenciais amorosos e criativos de cada sujeito.

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