Resumos das reuniões com a IPA e FEPAL em Cartagena
Caro/a colega,
De volta do Congresso de Cartagena e das reuniões oficiais da IPA e FEPAL, envio aqui anexos os resumos para vocês tomaram conhecimento dos assuntos discutidos.
Chamam atenção, nesse momento, o destaque das questões sociais e políticas e o relativo apagamento dos temas tradicionais nos congressos de Psicanálise, notadamente o mundo interno.
Quanto à questão das análises remotas, há uma divisão grande de interesses e preocupações entre os presidentes das Sociedades bem como certa distância entre as ideias dos representantes da IPA e a nossa maneira de pensar aqui na Brasileira. Isso torna reservada a previsão de como se posicionará a força-tarefa que vem estudando a questão e deverá se pronunciar no fim do ano para que se defina o Código de Procedimentos.
Os problemas quanto à sobrevivência das Sociedades, a falta de membros interessados em se oferecerem para a sucessão e renovação das gestões, a falta de professores, a dificuldade de atrair novos candidatos, a idade avançada dos membros, entre outros, são problemas comuns a todas as Sociedades.
Leiam!
Aproveito para desejar bom reinício de aulas e bom semestre a todos!
Ruth Naidin
Presidente SBPRJ
4/8/2023
Ata da Assembleia de Presidentes e Delegados na FEPAL 26/7/23
A reunião começa com notícias gerais.
-A presidente Wania Cidade informa que a Fepal será intermediária entre os presidentes e o Board da IPA quanto à questão dos membros idosos estarem pagando agora os 100 dólares. Pede que os presidentes tenham a lista dos membros impossibilitados de pagar, a qual será avaliada pelo Tesoureiro da IPA. Diferentes presidentes relataram as soluções que encontraram nas suas Sociedades. A presidente da Sociedade de Cordoba informa que retiraram da IPA as pessoas que não queriam/podiam pagar transformando-as em membros honorários. A APA (Argentina) diz que esses membros (300)
passaram a ser sócios honorários e não membros. Não têm direito a voto. A Sociedade de São Paulo tem mais que 300 membros remidos que não pagaram. Uma das Sociedades da Colombia consultou esses membros
perguntando se preferiam pagar ou sair e eles pediram para sair da IPA.
- Wania sugere que convoquemos os nossos delegados, links com a IPA, para resolvermos as nossas questões e informa que nos serão enviados seus nomes.
-Informa com satisfação que a Rio 1 voltou a se federar à Fepal.
-Comunica que a data do próximo Congresso da Fepal, a se realizar no Rio em 2024, será outubro por impossibilidade de se encontrar local disponível no seu mês tradicional, setembro. Neste momento está sendo selecionada a agência para fazer o Congresso. Já existe uma comissão local de apoio.
Uma vez por mês a Secretária e a Diretora Científica virão ao Rio para alinhar as providências e ideias sobre o Congresso.
-Reitera que os suplentes dos diretores de Departamentos, nesta gestão, são integrados às reuniões de equipe.
-A Comissão de Crianças e Adolescentes reitera que seu trabalho tem foco na exclusão, racismo afetando bebês e crianças. Desenvolve atividades com participação nas comunidades. Estão dando continuidade aos projetos antigos.
-O presidente da Rio 1 sugere que seja feita reunião dos representantes do Board com as Sociedades, o que vem de encontro ao desejo da Fepal. Solicita também que ideias e sugestões sejam compartilhadas no grupo de presidentes da AL, no WhatsApp.
- Foi apresentado o andamento dos estudos para criação de um fundo de seguridade voltado aos analistas mais jovens. Esse fundo não será garantido pela Fepal, que só está fazendo o link entre a empresa e os membros interessados. Esclarece que não existe 1 plano apenas mas que cada um criará, escolherá o que melhor se ajuste às suas necessidades. A empresa é ligada a um banco uruguaio estatal. Serão convocados os presidentes das diferentes regiões onde os planos serão detalhados e explicados. Em seguida, serão convidados os membros. Apenas se houver um interesse
considerado numericamente satisfatório, prosseguirão as negociações. O conselho Profissional da Fepal fará a convocação e solicita que se mobilizem os Conselhos Profissionais das Sociedades.
-O tema do Congresso da Fepal escolhido por consulta às Sociedades é Intolerância, Fanatismo e Realidade Psíquica. Vai lidar com interseções, universos diferentes que possam dialogar. Os principais eixos serão intolerâncias, racismo, diversidade de gênero, migrações. A grade pretende incluir interesses e preocupações. A gestão da Fepal, preocupada com o letramento racial, pretende discutir a questão com atividades mensais para criar uma base comum de conversa no congresso. Isso será feito através de webinars para os quais já estão convidados Muniz Sodré, Marco Posadas, Ivan Gutierrez e Walter Twanama e a 1a ocorrerá dia 12/8. O Congresso também contará com working parties. Haverá um webinar preparatório que ocorrerá em 14/10.
A BiViPsi está organizando a bibliografia do congresso que será oferecida quando cada pessoa se inscrever e contará apenas com autores latino-americanos. Uma delegada brasileira chama atenção para o excesso de temas sócio/políticos e pede a inclusão de temas mais psicanalíticos e clínicos. Diz que o congresso para se pagar, precisará atrair psicanalistas. A resposta do Comitê Científico é que de haverá de tudo, psicossomática, working parties, etc numa ideia de diálogo e interseções entre psicanálise e temas sociais. O presidente de uma Sociedade colombiana chama a atenção para a evidente desalienação do mundo exterior mas também de uma alienação em relação ao mundo interior. Um dos presidentes brasileiros comenta que esta é uma discussão polarizada.
-Foi aprovado o balancete da tesouraria.
Reunião dos Presidentes da IPA - 25/7/23
1) O primeiro tópico da reunião foi avaliação da atividade PMP criada nessa gestão da IPA. Trata-se de reunião online entre os presidentes das sociedades de vários países, na qual se debatem as questões de suas respectivas sociedades. Harriet Wolf propôs a avaliação dessa iniciativa. Embora o proveito não tenha sido uma unanimidade, o PMP foi amplamente elogiado. Os problemas apontados pelos diferentes presidentes na reunião, coincidem com os nossos próprios: dificuldade na sucessão presidencial, falta de professores, falta de postulantes, problemas curriculares, etc. Wolf traz a questão das análises remotas, como chamamos entre nós os tratamentos online, não presenciais. Ela menciona a discrepância na situação de, por exemplo, os europeus do Leste e os da cidade de Los Angeles e como talvez a maior parte de nós não esteja sensível às diferenças que caracterizam cada uma dessas regiões, o que acarreta pensamentos filosoficamente muito diferentes entre os presidentes. Daí a importância de ouvirmos e trocarmos.
Levantou-se a importante questão de para onde são encaminhadas as opiniões levantadas nos PMPs, reconhecendo que as reuniões ajudam os presidentes a se encontrarem e se sentirem juntos mas e a IPA? A resposta foi que uma secretária da IPA faz as minutas dessas reuniões do PMP, que são encaminhadas para o Board e, baseado nelas, o Board elabora sua agenda. Fala-se sobre a distância da IPA em relação aos membros. Mas por outro lado, constata-se que os membros sequer lêem as comunicações da IPA, tão desinteressados. A IPA somos todos. Recomenda-se que os membros sejam estimulados a ler as comunicações e a participar. Fala-se também que a IPA não tem impacto na vida dos analistas e mais, ser analista da IPA não tem o mesmo valor do que “ser doutor” por tal universidade. Paga-se mas não se leva. Há um split entre os membros e a IPA.
Foi também levantada por um grupo de presidentes, a necessidade de a IPA manter regulamentos sólidos sobre a formação porque no entender deles, os candidatos de modo geral e os próprios Institutos desejam ”vida fácil”, poucas sessões semanais, análise online, enfim menos exigências. Reconhecem que num certo sentido é o que todos desejamos também, mas alertam para que se a IPA não se opuser a isso, é o futuro da psicanálise que estará em risco.
Outro problema levantado é como tornar a formação na IPA, atraente. Ela é cara, longa, por que um candidato a escolheria entre as outras? Diferentes sociedades pelo mundo conseguiram validar a formação nas universidades. Por exemplo, na Argentina, a formação dá ao candidato título de especialista. No Uruguai, de mestre e doutor. Ainda assim, como tornar a formação atraente?
Harriet Wolf sugere iniciativas tais como nos apresentarmos em ação em supervisões, por exemplo, dentro de espaços de possíveis candidatos, além da divulgação ativa da nossa formação. Dar ênfase ao contato com as universidades. Na Lituânia, por outro lado, está em debate no Parlamento uma lei que obriga a que o ensino, a parte teórica da formação, seja feita obrigatoriamente na universidade e não mais nos Institutos o que criará um split entre membros e candidatos.
2) A segunda parte da reunião foi dedicada à ausculta dos presidentes, representando suas sociedades, a respeito da questão das análises remotas, à distância, tele análise. Existe uma força tarefa encarregada há alguns anos de estudar o assunto e uma bibliografia publicada no website da IPA que, curiosamente, nenhum dos presentes havia jamais consultado. São artigos da época pré-Pandemia, da Pandemia e Cartas Chinesas. Eles estudam similaridades e diferenças entre análise presencial e online quanto à eficiência, gratificação, possibilidade ou não de supervisão, indicações etc.
O problema é o quanto estamos dispostos a tolerar quem pensa diferentemente. Ninguém quer vale tudo, mas como nunca se fez pesquisa em bases empíricas, não se sabe responder às questões sendo a mais importante, se poderemos ou não titular um novo analista que tenha feito análise exclusivamente online.
Dividiu-se então o grupo (de presidentes) em subgrupos que deveriam debater e responder a seguinte lista de perguntas:
1- você pode concordar com uma abordagem que combine análise presencial com online, quando o presencial diário não for possível?
2- você pode concordar com uma percentagem mais baixa de encontros presenciais para supervisão e seminários, comparados ao da análise pessoal?
3- quem você deseja que tenha autoridade para decidir a percentagem mínima das sessões presenciais: a IPA, a Sociedades e o Comitê de Formação (Instituto), a dupla analítica?
4- você aceita excluir dos procedimentos da IPA a formação totalmente online? Alternativamente, você aceitaria que a IPA iniciasse um projeto de formação totalmente online, com regras, autorização para certas regiões/grupos internacionais, e investigação científica?
5-você prefere apenas 1 conjunto de requisitos no Código de Procedimentos? Ou você prefere manter os 3 modelos de requisitos (Eitingon, francês, uruguaio) que são parte do Código de Procedimentos (PC), ainda que isso signifique a criação de um quarto modelo?
6- você rejeita qualquer mudança no atual Código de Procedimentos e/ou no que foi sugerido na pergunta 4?
Aparentemente as discussões nos sub-grupos foram muito interessantes e não por acaso, praticamente não se conseguiu responder às perguntas, menos ainda na sua totalidade, tantas são as divergências e questões dividindo os participantes. De toda forma o relator de cada grupo sintetizou a abordagem feita às questões e esses relatos foram encaminhados à força tarefa que tem o compromisso de, até o fim do ano, se pronunciar a respeito do Código de Procedimentos (PC).