Analisar, disse Freud, é uma das tarefas impossíveis. Dificilmente essa frase não foi alguma vez utilizada por muitos de nós. Se por um lado o trabalho do analista apresenta uma carga considerável de toxicidade, por outro, oferece uma enorme possibilidade de expansão da mente e da vida emocional.
Quantas vidas nos é possível vi-ver com os pacientes ao longo da odisseia psicanalítica? A quantos lugares, personagens, ideias, histórias somos apresentados? Quantas e quantas vezes nos surpreendemos ao abrir ou fechar a porta?
Somos analistas com o que somos. Buscamos conhecer a teoria, pesquisar, estudar, trocar ideias, articular nosso saber com outros saberes, fazer análise e reanálise pessoal, empreender processos de autoanálise. No entanto, continuamos sendo analistas com o que somos.
Temos limites assim como a psicanálise também os tem. Nos afligimos quando, em uma análise, parece que nada acontece, tal a força mortífera que toma conta da dupla. Nos angustiamos, igualmente, quando por excesso de entendimento, deixamos de compreender os pacientes. É muito pouco o que podemos saber e alcançar. E, ao mesmo tempo, é tanto.
Em determinados momentos conseguimos investir nas instituições que nos cercam, nos deixamos penetrar pela cultura, pelos problemas da nossa tão sofrida sociedade, pela crueza do mundo. Em outros, nos recolhemos, concentramos a libido na clínica, defendemos nosso setting (interno) como podemos, para seguirmos analistas mantendo a humanidade.
Vivemos o dilema de lidar com as fronteiras que delimitam a vida e a morte, a saúde e a doença, o coletivo e o individual, o conhecido e o desconhecido, o prazer e a realidade, o psíquico e o somático, a necessidade e o desejo, o sonho, a busca por uma verdade.
Equipe editorial Karla Loyo, Maria Noel Sertã e Rebeca Machado
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